domingo, 20 de janeiro de 2019

o ser ou não ser do cinema brasileiro


Por Nicollas Barbosa

Seja nas salas de cinema, em casa, no transporte público ou em qualquer lugar com a ascensão dos serviços on Demand o cinema tornou-se uma das mais populares forma de entretenimento do brasileiro. Com altos e baixos nos seus 120 anos de história o mais graves momento foi durante o governo Fernando Collor de Mello na década de 90, quando a Embrafilme e vários incentivos fiscais foram extintas.  A chamada retomada do cinema brasileiro surge com a saída de Collor e a entrada do Presidente Fernando Henrique Cardoso, momento em que o cinema no Brasil voltou às produções. Nos diversos lançamentos foi a partir de 1995 com fortes investimentos nas leis de incentivo e principalmente com a Lei do Audiovisual, que se começa a falar no “renascimento” do cinema brasileiro, o filme Carlota Joaquina, a princesa do Brasil, de Carla Camurati, é considerado um marco da retomada do cinema brasileiro Além da lei do Audiovisual (8.685/93) a legislação do cinema nacional desde 2001 é um setor estratégico para o país em termos culturais e principalmente econômicos, com a geração de empregos.

A ANCINE (Agencia Nacional do Cinema), apoio indireto a projetos audiovisuais se dá por meio de mecanismos de incentivos fiscais dispostos na Medida Provisória e Lei Rouanet (8.313). Esses dispositivos legais permitem que os contribuintes, pessoas físicas e jurídicas, tenham abatimento ou isenção de determinados tributos, desde que direcionem recursos, por meio de patrocínio, coprodução ou investimento, a projetos audiovisuais aprovados na ANCINE. No ano passado 143 filmes tiveram o apoio do ANCINE, mas somente 22 tiveram mais de 100 mil pessoas pagantes. 
Tropa de Elite 2 – O inimigo agora é outro de 2010 é o filme com incentivos fiscais de maior sucesso e recorde em bilheteria com 11.146.723 telespectadores, seguidos por Minha Mãe É Uma Peça 2 e Se Eu Fosse Você 2. 

Um dos exemplos de fracassos de bilheteria com incentivos fiscais é o filme BR 716 do diretor Domingos Oliveira que teve o filme elogiado ganhou no Festival de Gramado com os Kikitos de melhor filme, teve uma performance fraquíssima quando lançado comercialmente, o filme conta com nomes de peso do cinema brasileiro Caio Blat e Sophie Charlotte, o longa “BR 716” teve apenas 8.953 bilhetes vendidos nas suas somente 11 salas de cinema pelo Brasil, alega-se que nenhuma distribuidora interessada, ainda que de pequeno porte, resultando numa bilheteria baixa. 
Diversos críticos tais como José Carlos Avellar, crítico e gestor público do cinema brasileiro disse em uma mesa-redonda na 55ª Semana Internacional de Cinema de Valladolid em 2010 que o cinema brasileiro dos últimos dez anos se aproxima da realidade do país com documentários que “estão mais perto da realidade que os noticiários de televisão. Sangue novo na direção das produções e as novas tecnologias levam o cinema muito além do lúdico e fantasioso, retrata a realidade brasileira com dramaturgia, onde atores se espelham na população e os telespectadores se sentem representados como protagonistas dos filmes documentários conquistando mais o público a cada dia. 

Em números já fechados do ano passado o cinema brasileiro bateu recordes de filmes lançados e de bilheteria, dos 184,3 milhões de ingressos vendidos 30,4 milhões eram dos 143 filmes brasileiros, marca recorde na história do cinema brasileiro que vem crescendo pelo oitavo ano consecutivo. A participação de público nos filmes nacionais chegou a 16,5%, contra 13% no ano anterior, os faturamentos de bilheteria chegam R$2,6 bilhões, 134 empresas produziram em todas as regiões do País, os filmes de ficção são maioria entre os lançamentos - 97 ficções, 45 documentários e 1 animação. Entre os filmes brasileiros, 23 tiveram mais de 100 mil espectadores, 13 mais de 500 mil e 7 alcançaram a marca de e 1 milhão de bilhetes. 

Em 1971 o Brasil tinha 2.154 salas de cinema, em 2016 foram 3.160 salas que exibiram os longas-metragens nacionais, um dado curioso mostra a diminuição de público baseado nos dados do OCA (Observatório Nacional de Cinema) no ano de 1971 - 203 milhões de telespectadores foram ao cinema e em 2016 - 184,3 milhões, uma diminuição de 186,9 milhões do público brasileiro, com seu auge em 1975 com 275.3 milhões. 
Formado desde 2001 a Agencia Nacional do Cinema, ANCINE é uma agencia reguladora e fiscalizadora de incentivo do cinema e projetos audiovisuais no Brasil que em 2003 se uniu ao Ministério da Cultura. Com a missão de desenvolver, regular e combater a pirataria do setor audiovisual com a intuição de levar o melhor a população brasileira. Ao completar 15 anos em 2016 a agencia lançou a campanha ANCINE 15 Anos, 1 ano após seu lançamento somente 4 milhões de pessoas tinham TV por assinatura, atualmente passam de 18,9 milhões, em 14 anos o número de telespectadores no cinema brasileiro cresceu em 23 milhões com o auxílio da ANCINE. 

A maioria dos filmes são financiados por meio das leis de incentivo à cultura, principalmente a Lei do Audiovisual. A ANCINE somente autoriza os projetos a captarem recursos, a escolha é das empresas patrocinadoras. No caso dos editais de financiamento os critérios objetivos de habilitação e geralmente, no caso de seleção, esta é feita por uma comissão externa. A ANCINE não é o único organismo de financiamento ao setor audiovisual, há também a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura que apoia curtas-metragens, longas de baixo orçamento e outras iniciativas voltadas para o cinema não comercial, como cineclubes. 

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